Mar de mágoas sem marés Onde não há sinal de qualquer porto De lés a lés o céu é cor de cinza E o mundo desconforto No quadrante deste mar, que vai rasgando No horizonte, sempre iguais à minha frente Há um sonho agonizando Lentamente, tristemente Mãos e braços, para quê? E para quê, os meus cinco sentidos? Se a gente não se abraça e não se vê Ambos perdidos Nau da vida que me leva Naufragando em mar de treva Com meus sonhos de menina Triste sina! Pelas rochas se quebrou E se perdeu a onde deste sonho Depois ficou uma franja de espuma A desfazer-se em bruma No meu jeito de sorrir ficou vincada A tristeza, de por ti, não ser mais nada Meu senhor de todo o sempre Sendo tudo, não és nada!